Inacabada

Sinto meu corpo todo nervos... 

como cordas esticadas,

desejando dedos hábeis que lhes tirem melodias.

E minha respiração querendo fôlego, 

para sons mais altos.

A batida dentro do peito marca o ritmo da música, 

que existe na mente... sons, compassos, 

andamentos, pausas, variações, êxtases!

E o meu maestro dorme ao meu lado, um sono solto,

talvez sonhando com a próxima sinfonia...

Acabou a brincadeira

Nada mais de laços nos cabelos, 

nem pés descalços correndo pelo quintal.

Os laços que te prendem agora são outros,

e os teus pés, devem ficar bem no chão.

Nada mais de chorar por um machucado

ou de medo do bicho-papão.

Oque te fere, agora não tem cura,

e os teus fantasmas, saíram de baixo

da cama, estão aí, brincando com a tua emoção.

Nada mais de brincar de pique-esconde 

ou de rir até a barriga doer.

A realidade é sem graça

e mesmo que você tente,

não dá mais prá esconder.

É, menina... recolhe tuas bonecas.

Olha, tá chovendo... volta prá dentro,

passou da hora de crescer!

Fracasso!

Que desastrada eu sou!

Com pressa de ser feliz,

esqueci que não se pode abrir 

o casulo, pois a borboleta morre. 

A mesma pressa me fez tropeçar 

na ansiedade e cair de cara no espelho,

aquele... da verdade... nua e crua.

Tentando desvendar enigmas,

nem percebi a simplicidade 

dos sentimentos.

Na ânsia de comer, mordi a fruta verde

que só me fez ter náuseas.

E nesse desespero de querer viver, 

acabei morrendo de amor!

Now!

Tenho medo do tempo

da falta de tempo

do tempo perdido

do tempo que corre

do tempo que desperdiço.

Quero que o tempo seja exato,

sem longa metragem e sem flashback.

Odeio o "amanhã eu te ligo"

e o "lembra o que você disse ontem?"

Preciso do inevitável, do inesperado!

Não gosto de coisas com prazo de validade.

Quero gritar: - Para tudo!!

antes que eu me perca nesse tempo

alheio à minha vontade.